Setor da instituição da UFRJ, que foi em grande parte destruída em incêndio em 2018, passa a funcionar em campus em São Cristóvão
Um dos setores do Museu Nacional mais prejudicados pelo incêndio de 2018 foi o seu Departamento de Geologia e Paleontologia (DGP), dedicado a atividades de ensino, extensão, pós-graduação e pesquisa. Com suas instalações destruídas pelo fogo, alunos, técnicos, professores e pesquisadores enfrentaram nos últimos anos condições precárias para manter as atividades. Por isso, foi muito comemorada na última sexta-feira (09) a inauguração do novo prédio desse setor no novo Campus de Ensino e Pesquisa do Museu Nacional, em terreno situado entre a Quinta da Boa Vista e o Maracanã, que já pertenceu ao Exército.
A cerimônia foi uma etapa importante da retomada do próprio Museu, que pertence à UFRJ, e tem a previsão de reabertura parcial em 2026. A instituição é considerada a mais antiga de caráter científico do país, tendo sido fundada por Dom João VI em 1818. Já o DGP, dedicado à pesquisa da história da Terra desde 1842, possui importante acervo geopaleontológico e realiza intercâmbio científico com instituições do mundo todo.
Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional inaugura novas instalações departamento de geologia e paleontologia do museu nacional inaugura novas instalacoes departamento de geologia e paleontologia do museu nacional inaugura novas instalacoes 5
O diretor do Museu Nacional, professor Alexander Kellner, se emocionou com a conquista, mas alertou que as instalações têm um caráter provisório e que um prédio mais robusto ainda precisa ser construído para dar condições ideais de funcionamento do departamento.
“Temos pressões de pessoas que acham que temos que colocar todo o dinheiro no Palácio, etc., e que se esquecem que o Museu Nacional não é só o Palácio. São justamente os pesquisadores que fazem o Museu Nacional diferente e para isso eles precisam de condições de trabalho. E que condições são essas? Um prédio de pelo menos três andares. Digo aos jovens para não se contentarem e lutarem para isso aqui melhorar”, afirmou o diretor.
Apesar dos avanços com a inauguração do espaço com salas e laboratórios, o DGP ainda precisa avançar. Tanto que o presidente do Clube de Engenharia do Brasil, Francis Bogossian, presente à cerimônia, colocou à disposição da instituição as instalações da entidade, no Centro.
“O Clube, por ser uma entidade nacional, pode dar todo o apoio que for julgado pertinente. Mais ainda, nós temos no Centro da cidade salas à disposição para cursos complementares, reuniões entre professores e alunos, o que eu considero fundamental”, destacou Francis Bogossian.
O chefe do DGP, professor João Wagner de Alencar Castro, elogiou o esforço dos funcionários para a conclusão das obras e de alunos e pesquisadores que mantiveram suas atividades, mesmo sem uma sede física.
“Que este espaço novo seja não apenas um local de trabalho, mas uma fonte de inspiração para todos nós que continuamos a honrar a história da Terra, preservando o passado, compreendendo o futuro e formando mentes que transformarão o futuro”, afirmou o João Wagner.
Professor do DGP e conselheiro do Clube, o professor Renato Cabral Ramos contou como as reuniões virtuais foram fundamentais para manter as atividades acadêmicas vivas nesse período, mas não substituindo o convívio presencial.
“Esse olho no olho entre as pessoas é imprescindível para uma vida acadêmica saudável. É você estar olhando para seus colegas, atuando junto com seus colegas e trabalhando junto com eles. Isso é muito importante e imprescindível e foi interrompido nesses últimos seis anos. Agora podemos voltar a ter essa vida acadêmica, até para frequentar a sala do colega e tratar de coisas sérias ou simplesmente sentar para conversar e tomar um café”, contou o professor.
A inauguração também contou com a presença da geóloga Thayane Dutra Schuindt, vice-presidente da Associação Profissional dos Geólogos do Estado do Rio de Janeiro (APG-RJ); da geóloga Marion Freitas Neves, representando a Associação Brasileira de Mulheres nas Geociências (ABMGeo-RJ); do geólogo Flavio Zaborne Oliver, representando a Sociedade Brasileira de Geologia (SBG); do professor Sandro Scheffler, também do DGP, representando a Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP); e do presidente da Sociedade Brasileira de Geofísica (SBGf), o físico Luiz Fernando Santana Braga.